- Área: 1170 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:Erieta Attali
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Fabricantes: GRAPHISOFT, Miyasato, UNACEM
Descrição enviada pela equipe de projeto. Um museu arqueológico deve encontrar o frágil equilíbrio entre a conservação do patrimônio exposto e sua divulgação ao público. Um museu, como o de Paracas, possui um desafio importante que é a necessidade de integrar-se à paisagem que foi o berço dessa cultura e que hoje faz parte da mais importante reserva biológica e paisagística do deserto costeiro peruano.
O projeto é implantado praticamente sobre as ruínas do que foi seu predecessor destruído por um terremoto em 2006. A obra retoma dele sua geometria retangular e sua compacidade. Uma fresta ou falha interrompe esse volume, separando as funções de divulgação do museu como as oficinas, salas de reunião e serviços, da sala museológica e reservas, dedicadas à conservação do patrimônio arqueológico. O acesso aos distintos ambientes que constituem o museu é feito por essas "falhas", espaços abertos que emolduram porções da paisagem e criam a intimidade necessária para instalar-se no vasto deserto.
No seu interior, é explorada um espaço aparentemente contraditório entre a espacialidade labiríntica e o percurso em espiral usado pelos antigos peruanos e a espacialidade contemporânea, fluída e transparente.
As exigência ambientais do deserto de Paracas e as exigências museográficas da coleção são resolvidas graças a um "dispositivo de correção ambiental' que define o partido arquitetônico e museográfico. O dispositivo está composto por uma iluminação corrida, sob a qual estão os espaços de transição entre as salas de exibição, ou espaços de circulação, segundo as necessidades e sua posição no projeto. Esse dispositivo permite controlar a luz natural, a luz artificial, a ventilação natural e a refrigeração dos diferentes ambientes. Sua geometria reinterpreta a série característica dos tecidos de Paracas, que foram expressões tecnológicas e artísticas importantes.
A edificação está construída com cimento pozolânico, resistente ao salitre do deserto. O concreto exposto e o cimento polido que também constituem sua materialidade adquirem uma cor vermelha natural que se mimetiza com as montanhas vizinhas.
As marcas deixadas pelos construtores no cimento polido, que envolve as salas museográficas, conferem ao museu um aspecto cerâmico que se assemelha aos acabamentos cerâmicos pré-colombinos (huacos) que fazem parte da coleção.